Mato Grosso do Sul caminha para inserir a produção rural familiar em um modelo mais sustentável, contribuindo para a preservação ambiental e a geração de créditos de carbono. Isso graças ao Programa Agroflorestar MS- Carbono Neutro, voltado para a agricultura familar. Os detalhes do programa foram apresentados pelo secretário-executivo de Agricultura Familiar (SEAF), Humberto de Mello, da Semadesc, que participou do Café da Manhã com Debate, promovido em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O evento realizado hoje (12) em Brasília, teve como tema: “Agro em Clima de Mudança – Oportunidades para a Agricultura Familiar no Mercado Climático”. O encontro debateu a inserção da Agricultura Familiar no Mercado de Carbono, o pagamento por serviços ambientais prestados pela Agricultura Familiar (AF) visando a ampliação de casos de sucesso do Brasil no setor agroambiental.
Em sua participação, Mello explicou que o programa do Governo de MS prevê a implementação de sistemas agroflorestais, que integram o cultivo de árvores frutíferas e madeireiras com a produção agrícola tradicional. A iniciativa atenderá 57 mil famílias de agricultores familiares, além de 20 mil famílias de povos originários e 3 mil famílias de comunidades tradicionais.
Agrofloresta como Modelo Sustentável
O Programa Agroflorestar MS – Carbono Neutro é desenvolvido pela Associação dos Produtores Orgânicos do Mato Grosso do Sul (APOMS), em parceria com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC).
“O objetivo é possibilitar que os agricultores familiares ingressem no mercado de créditos de carbono, gerando renda a partir da preservação e recuperação ambiental”, afirmou o secretário-executivo da SEAF.
O programa abrange os três principais biomas do estado – Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica – e busca diversificar a produção em 2.000 hectares, promovendo práticas agroecológicas, redução do uso de insumos químicos e melhoria da fertilidade do solo.
Parcerias e Comercialização de Créditos de Carbono
O programa é uma parceria estratégica com o Rabobank e o Programa ACORN que permite que pequenos produtores acessem plataformas de certificação e comercialização de créditos de carbono no mercado nacional e internacional. Essa iniciativa facilitará a medição, validação e venda dos créditos gerados, agregando valor à produção agrícola sustentável.
O projeto, segundo Mello visa não apenas mitigar os impactos ambientais, mas também garantir benefícios diretos aos agricultores, como sustentabilidade ambiental: uso de práticas agroecológicas e resgate de cultivos ancestrais, incluindo espécies nativas como cumbaru, pequi, jatobá, erva-mate, guavira, macaúba e marolo; sustentabilidade social: incentivo à permanência da juventude rural na produção familiar, fortalecendo a sucessão familiar no campo e sustentabilidade econômica: aumento da renda familiar com a certificação e venda de créditos de carbono e a diversificação da produção vegetal.
Entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, municípios de Mato Grosso do Sul cadastraram produtores para implementação do projeto. “As agroflorestas já estão em diferentes estágios de implantação, demonstrando o avanço da iniciativa. Com essa estratégia inovadora, Mato Grosso do Sul se posiciona na vanguarda da agricultura sustentável no Brasil, promovendo inclusão social, conservação ambiental e desenvolvimento econômico para as famílias que vivem da terra”, concluiu Mello.