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terça-feira, novembro 26, 2024
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Camelódromo tem prejuízo estimado em R$ 2 milhões devido ao incêndio

Com oito boxes afetados pelo fogo no Camelódromo, a estimativa de prejuízo é de R$ 2 milhões, entre mercadoria e reestruturação do espaço. O fogo só não espalhou por conta do sistema sprinkler e a chegada rápida dos bombeiros.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes (Camelódromo), Narciso Soares dos Santos, relatou que parte estrutural dos boxes terá que ser refeita. Além disso, o acionamento do sistema de sprinkler afetou no entorno mais de 20 boxes que tiveram mercadorias destruídas pela água.

“O sistema de sprinkler, devido à fumaça, foi acionado. Eles foram derramando água em cima dos boxes que têm as lâmpadas cortadas, nisso a água foi caindo e molhando. Roupas, peças para celular, então muitos boxes ali embaixo foram afetados pela água, tanto do sistema de prevenção quanto da água utilizada pelos bombeiros”, explicou Narciso.

Os comerciantes que tiveram os boxes atingidos pelo fogo estão reunindo notas fiscais dos produtos para ter uma ideia concreta do valor em produtos que perderam para o incêndio. “Fiz uma reunião com os proprietários dos boxes que pegaram fogo e eles estão fazendo um levantamento com notas fiscais dos materiais que tinham para poder chegar a uma conclusão”, completou.

“No geral, imaginamos que a reestruturação dos boxes, as mercadorias e tudo o que precisa ser trocado fica em torno de R$ 2 milhões, se formos contabilizar todo o prejuízo. Tem pessoas ali que tinham mercadorias de R$ 50 mil, R$ 100 mil”, pontuou Narciso.

A abertura foi liberada a partir das 12h desta segunda-feira (14); no entanto, o movimento estava fraco e os vendedores que esperavam lucrar com vendas no Carnaval não puderam trabalhar devido ao incidente. Conforme relatou o proprietário Robson Corrêa Moreira, de 44 anos, de um boxe atingido pela água.

“A segunda-feira estava cheia de comércio por conta do feriado; tinha mais gente de fora querendo ou não. Tivemos prejuízo. Agora [o movimento] está parado porque acabou o dinheiro das pessoas. Elas gastaram tudo no Carnaval”, lamentou Robson, que estava contando com a data.

No local há 20 anos, ele perdeu vários produtos atingidos pela água e segue fazendo testes no que deu para salvar. Robson relatou ter perdido aproximadamente R$ 10 mil em mercadorias que não funcionam mais e precisaram ser descartadas.

Sistema de prevenção

O sprinkler é um sistema que funciona como um ‘chuveiro’ e é acionado quando o sensor detecta presença de fumaça. A instalação da caixa d’água e do sistema de prevenção foi todo custeado pelos associados.

Ainda hoje foram necessários dois caminhões de água para encher a caixa d’água do camelódromo, segundo Narciso. Depois do sistema contra incêndio ter funcionado, a água que restou não tinha pressão para subir e atender o local. “Eu imagino que tenham sido uns seis anos desde que instalaram a caixa d’água e o sistema de sprinkler”.

Narciso explicou que tentaram fechar por mais de uma ocasião o seguro contra incêndio do prédio. No entanto, a ideia não saiu do papel. “Já tentamos fazer seguro do prédio e nenhuma seguradora aceitou. Não era de mercadoria, era do prédio. A seguradora faz a vistoria e acha que há muita coisa inflamável e por isso nega. São 473 boxes, então tem muita coisa inflamável, acredito que seja esse o impedimento”.

Como a associação trabalha para manter despesas básicas como contas de água, luz e outros, foi dito aos comerciantes que perderam tudo que a diretoria está em busca de parceria com a prefeitura e o governo do Estado.

“Para que a gente possa o mais rápido possível reconstruir esses boxes e assim eles possam voltar a trabalhar. Estamos correndo atrás, para ajudar e até entre os próprios permissionários já falaram para a gente fazer uma vaquinha para ajudá-los [a voltar a] trabalhar”, explicou Narciso.

Por telefone, o governador Eduardo Riedel (PSDB) iniciou conversas com Narciso, assim como a prefeita Adriane Lopes (PP). “[O governador estava viajando] e quando chegar iremos nos reunir. A prefeita conseguiu com a Sisep o caminhão e a Solurb para fazer a retirada dos entulhos. Está nos apoiando”.

Cerca de 60 funcionários do camelódromo fizeram o curso de brigada de incêndios em julho de 2023 e agora irão fazer novamente. Como é o caso de Ronivaldo Gonçalves Costa, de 48 anos, que se deslocou até o Camelódromo quando soube do incêndio. “Eu cheguei e estava o segurança, que também fez o curso. A gente seguiu o protocolo que aprendeu e colocou em prática até a chegada dos bombeiros”.

O presidente do Camelódromo relatou que o alvará emitido para funcionamento no Camelódromo é feito anualmente, no entanto, não está regularizado devido à necessidade de refazer toda a parte elétrica. “Tem algumas coisas que precisam melhorar aqui, então o bombeiro não dá [o alvará] definitivo. Quando foi feito o Camelódromo, era um bico de luz, uma tomadinha de luz, e foi ampliando precisando refazer toda a parte elétrica porque as calhas onde passam os fios não comportam. Tem que ter uma só para telefonia. Falta isso aí. Estamos buscando recursos para que a gente possa reformar e conseguir o alvará definitivo, mas não temos todo o recurso”, disse Narciso.

Em relação à causa, o presidente reforçou que o disjuntor geral é desligado todos os dias, portanto a hipótese de que algo tivesse sido deixado funcionando foi descartada. Segundo explicou, os bombeiros verificaram a presença de baterias armazenadas que podem ter superaquecido e iniciado o fogo.

“A responsabilidade só a perícia vai dizer. Independente disso, estamos nos unindo para ajudar essas pessoas. Só a perícia pode confirmar se foi armazenado alguma coisa inflamável lá dentro. Estamos tomando medidas para que isso não venha a acontecer novamente. Já tínhamos essa preocupação de que cada bateria de celular, de carrinho de controle remoto, fosse descartada lá em cima de maneira correta porque tínhamos medo de que algo assim acontecesse. Então, não sabemos se a pessoa tinha acumulado baterias velhas e aconteceu isso”.

Será feita uma vistoria em todos os boxes para verificar armazenamento de baterias, verificar fiação dos boxes e conversar com os comerciantes para precaver situações futuras. A reportagem entrou em contato com o corpo de bombeiros para questionar a situação do alvará e até o fechamento da reportagem não obteve resposta.

Em contato com a prefeitura por meio de nota informaram que a administração do Camelódromo é de competência da Associação de Vendedores Ambulantes. Leia na íntegra:

“Toda a administração do Camelódromo é diretamente da competência da Associação de Vendedores Ambulantes de Mato Grosso do Sul. Porém, com o episódio ocorrido no fim de semana, a Prefeitura, por meio da assessoria do Gabinete da Prefeita, entrou em contato com a Associação e se colocou à disposição para ajudar no que for possível. Tanto que o caminhão utilizado para a retirada dos entulhos após o incêndio, foi cedido pela Prefeitura. A Prefeitura segue à disposição da Associação”.

Incêndio

O incêndio atingiu o Camelódromo na tarde deste domingo (11), em Campo Grande. As chamas foram rapidamente controladas pelo Corpo de Bombeiros, que fizeram o trabalho de rescaldo. Oito boxes foram totalmente destruídos e, como o local estava fechado, não houve vítimas.

De acordo com o tenente Oliveira, do Corpo de Bombeiros, os levantamentos ainda serão feitos para apontar as causas do incêndio, mas informações preliminares são de que o fogo teria começado em um equipamento eletrônico que ficou ligado em um dos boxes.

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