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Pastoral revela que conflitos por terra aumentaram 72% em Mato Grosso Sul no 1º semestre deste ano

Dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra) revelam que a violência no campo aumentou 72% no primeiro semestre de 2023 em Mato Grosso do Sul. No mesmo período de 2022, conforme o levantamento, foram registrados 44 conflitos, já no curso deste ano foram 76 embates por terra.

Outro Estado do Centro-Oeste que chama atenção para o aumento de conflitos é o de Goiás, em que o número de ocorrências saltou de 24 para 86, uma alta de 258% até o momento. O aumento dos conflitos é observado em todo o País.

De janeiro a junho foram 791 ocorrências, alta de 9,1% se comparado ao ano de 2022 que teve 725 conflitos. O número foi o segundo mais alto da década, atrás apenas de 2020, que teve 876 casos. De acordo um dos coordenadores nacionais da Pastoral da Terra, regiões como Mato Grosso do Sul e Goiás apresentaram números bem mais elevados na última década.

O motivo, conforme eles, é que a economia brasileira vem se tornando cada vez mais primária, com base na exploração minerária e na expansão do agronegócio. Quando essas duas frentes se expandem, elas vão para territórios já ocupados, como áreas de agricultura familiar e territórios indígenas e quilombolas.

Para a CPT, o aumento nos conflitos por terra também se dá pela lentidão no andamento de processos judiciais a respeito de áreas em disputa. Há casos que já têm mais de 20 anos e essa demora acaba sendo também uma forma de acentuar os conflitos, porque as famílias se tornam cada vez mais vulneráveis.

Há uma situação de instabilidade e parte dos fazendeiros passa a pressionar as pessoas para que abandonem aquelas terras. Além disso, o representante da Pastoral aponta que houve um desmonte dos mecanismos de mediação de conflitos na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governo anterior desmontou as políticas públicas voltadas a estabilizar e garantir segurança a essas famílias. Foram anos de muita invasão de terras indígenas e quilombolas por parte de fazendeiros e de grileiros. Cabe destacar, que os principais atingidos pela violência por terra foram os povos indígenas, com 38,2% dos casos, seguidos de trabalhadores rurais sem-terra (19,2%), posseiros (14,1%) e quilombolas (12,2%).

A Pastoral também documenta outras situações, como ocorrências de trabalho escravo e conflitos pela água. No total, foram registrados 973 conflitos no campo no período, alta de 8,1% em relação a 2022, com envolvimento de cerca de 527 mil pessoas.

Em relação aos casos de trabalho escravo, cresceram tanto o número de registros (20%), chegando a 102 ocorrências, quanto de pessoas resgatadas (43,9%), totalizando 1.408 trabalhadores. A quantidade de resgates é a maior desde 2014, o que, segundo a pastoral, demonstra a maior visibilidade dada a estas violências.

O agronegócio foi a atividade com mais pessoas socorridas, sendo 532 no cultivo da cana-de-açúcar, 331 em lavouras permanentes e 46 na pecuária. Também foram resgatadas vítimas em atividades de mineração (104), desmatamento (63) e produção de carvão vegetal (51).

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