Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que Mato Grosso do Sul é o Estado com o menor percentual da população endividado.
O levantamento indicou que no Estado, 59,1% da população está endividada, enquanto logo atrás vêm o Pará (62%) e o Piauí (65%). Por outro lado, o maior percentual de endividados do Brasil está concentrado em Minas Gerais, com 94,9%, Paraná, com 94,7%, e Rio Grande do Sul, com 93,9%.
A pesquisa ainda indica que o volume de endividados fechou o primeiro semestre de 2023 com avanço em todas as faixas de renda pesquisas, o que indica uma tendência de alta na segunda metade do ano, quando os números nacionais são analisados.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o incremento na proporção de endividados foi maior entre os consumidores com renda mensal de 5 a 10 salários (2,1 pontos porcentuais). A inadimplência também cresceu mais entre esse grupo de renda (2,7 pontos em um ano).
A mesma pesquisa ainda indica que o porcentual de famílias com dívidas a vencer está 0,2 ponto percentual maior em junho, atingindo 78,5% das famílias brasileiras.
Desse total, 18,5% se consideram muito endividados, maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. A alta da proporção de endividados interrompe uma sequência de quatro meses de estabilidade do indicador.
Com essa nova subida, a Peic alcançou o maior nível desde novembro do ano passado. Para a CNC, a economia brasileira enfrenta um cenário de endividamento e inadimplência crescente, o que afeta a capacidade de consumo das famílias.
Por mais que o endividamento tenha avançado em junho, a parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou o menor porcentual desde setembro de 2020: 29,6%.
Isso é resultado da melhora da renda dos consumidores que recebem até 10 salários mínimos, que ocorre por conta da dinâmica favorável da inflação em desaceleração desde o fim do ano passado.
A inadimplência acompanhou a tendência de alta do endividamento em junho. O porcentual de famílias com dívidas atrasadas fechou o mês em 29,2%, aumento de 0,1 ponto porcentual. A melhora da renda disponível, com a evolução positiva do mercado de trabalho e o alívio da inflação, não foi suficiente para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo.
Do total de consumidores com dívidas atrasadas, 4 em cada 10 entraram em junho sem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, maior proporção desde agosto de 2021. O volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes.