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domingo, novembro 24, 2024
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Com cheia no Pantanal, traficantes passam a usar rios da região para traficar cocaína

Neste ano, a volta das chuvas em ritmo mais intenso elevou o nível de diferentes rios do planalto e da planície pantaneira, o que contribuiu para a retomada de trajetos por meio de sua navegação.

O problema, porém, é que traficantes descobriram essas rotas, passando a utilizá-las para conseguir transportar cocaína entre a região de fronteira do Brasil com a Bolívia com o norte de Mato Grosso do Sul, tendo como destino a BR-163. A rodovia é um dos principais pontos de acesso para o Estado e a Região Norte do País.

Ontem, o Correio do Estado divulgou detalhes de como Campo Grande se tornou rota para o tráfico de drogas que têm como destino final o Pará.

Nesses casos, as polícias civis de MS e MT atuam em conjunto para desbaratar esse esquema, que também utiliza a BR-163. Ainda será apurada a possível ligação entre grupos criminosos.

Sobre as investigações da rota fluvial para transporte de cocaína, elas começaram logo após as chuvas passarem a inundar tributários do Rio Paraguai, bem como do Rio Taquari.

Há três meses, policiais passaram a monitorar traficantes que atuam tanto em Corumbá quanto em Coxim e identificaram que a droga saía da fronteira com a Bolívia por meio fluvial, e não terrestre.

A utilização de rios para fazer esse transporte permitiu que os traficantes conseguissem baratear o preço para distribuir a droga pelo Brasil e também encurtar distâncias.

Para fazer uma viagem entre os municípios citados, por exemplo, por meio terrestre, são mais de 700 km de percurso.

Ainda, há monitoramento ao longo das rodovias, tanto pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) quanto pelas bases da Polícia Militar Ambiental (PMA).

Além das BRs 262 e 163, rodovias com menor acesso e estradas vicinais também são usadas para o transporte de entorpecentes. Mesmo assim, as condições dessas vias são ruins.

Os trechos de navegação que ligam o município de Corumbá a Coxim encurtam em centenas de quilômetros a viagem, além de reduzirem drasticamente os pontos de fiscalização das polícias estadual e federal.

A navegação envolvendo diferentes rios, muitos deles que passaram a ficar navegáveis após as chuvas de janeiro e fevereiro, começou a ser feita pelos traficantes desde o começo deste ano.

“Após aproximadamente três meses de investigação prévia para identificar traficantes de drogas que se utilizam da via fluvial entre os municípios de Corumbá e Coxim, foi possível identificar parte dessa quadrilha. Em virtude do trabalho de inteligência, foi realizado o monitoramento dos envolvidos”, detalhou a Polícia Civil, em nota.

Equipes policiais de ambas as cidades passaram a trabalhar em conjunto para conseguir identificar como era a dinâmica dos criminosos.

O apurado até agora é que a droga vinha da Bolívia, atravessando a fronteira por diferentes formas, e chegava a Corumbá em volumes diversos.

Depois disso, a cocaína era mantida em um entreposto. Ao menos uma residência vinha sendo usada para guardar o entorpecente. Após certo volume acumulado, o despacho acontecia.

Em Corumbá, são dois endereços que foram identificados como sendo usados pela quadrilha. Todos eles ficam na parte alta da Cidade Branca.

Na tentativa de prender parte dos criminosos, as polícias civis corumbaense e de Coxim fizeram uma operação nesta semana, após obterem autorização judicial para averiguar os endereços. Na ação, 171 kg de droga foram encontrados embalados e armazenados em um cômodo de uma casa.

A residência, de estilo simples e sem acabamento, tinha um colchão e praticamente nenhum móvel.

“Equipes das delegacias de ambas as cidades dirigiram-se até dois endereços localizados no município de Corumbá. Em um deles, foi realizada a apreensão de 163 tabletes de substância entorpecente [162 tabletes de pasta base de cocaína e 1 tablete com cocaína]”, informaram as autoridades policiais.

Pelas condições encontradas no local, os agentes avaliam que o endereço era usado somente para armazenar a droga por períodos curtos de tempo. Ao menos uma pessoa permanecia in loco para fazer a segurança.

Nessa operação, que ocorreu nesta terça-feira, os policiais acharam vestígios de comida, talheres e roupas. Conforme apurado, o local foi evacuado pouco antes da entrada das autoridades civis.

O inquérito do caso segue em aberto, porque ainda é investigada a identificação dos integrantes da quadrilha, além da apuração de como as embarcações eram usadas para navegar pelo Rio Paraguai e o Rio Taquari.

Com a volta da água, o mesmo trecho navegado pelos criminosos também vem sendo utilizado para transporte de gado entre fazendas que se encontram alagadas na região da Nhecolândia.

CONEXÕES
Na fronteira do Brasil com a Bolívia, somente neste ano, a Receita Federal interceptou nove táxis que transportavam cocaína em diferentes quantidades, que tinham como destino principal a cidade de Corumbá.

A estimativa é de que quase R$ 700 mil foram apreendidos em entorpecente somente com essas apreensões, as quais foram realizadas entre janeiro e o dia 23 de abril.

Por mais que sejam pequenas quantidades, são suficientes para abastecer o esquema do tráfico que vinha utilizando o meio fluvial para levar cocaína da Cidade Branca a Coxim.

Em todos esses casos, cidadãos bolivianos com diferentes idades, mas sempre abaixo dos 40 anos, fazem viagem de táxi e tentam entrar no Brasil pelo Posto Esdras, voltado à imigração e fiscalização aduaneira entre os países, geralmente nas noites de sábado e domingo, que concentram menor supervisão de agentes e fluxo de veículos menos intenso.

Todos os casos identificados pela Receita são encaminhados para a Polícia Federal (PF) em Corumbá. A PF mantém também canal para troca de informações com a Polícia Civil.

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