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Em 2022, conflitos por terras afetaram mais de 14 mil famílias indígenas em MS

Um levantamento divulgado pela Comissão Pastoral da Terra mostra que, apenas em 2022, 14.638 famílias indígenas foram afetadas em decorrência de conflitos por terras em diversas cidades no interior de Mato Grosso do Sul.

De acordo com a pesquisa, os municípios mais afetados ano passado foram Amambai, Caarapó, Coronel Sapucaia, Corumbá, Douradina, Dourados, Japorã, Miranda e Naviraí,. locais onde existem mais de um território em disputa entre os povos originários e o homem branco.

Ao todo, a Pastoral da Terra afirma que há 19 municípios em que os indígenas lutam para sobreviver e reivindicam seu espaço histórico. No mesmo ano, os conflitos causaram seis mortes, sendo que este é o maior número registrado em todo país em 2022.

Em Mato Grosso do Sul, a etnia que mais perdeu indivíduos em 2022 foi a Guarani-Kaiowá, sendo que das seis vítimas, quatro eram de Amambai, município palco de um massacre no ano passado.

Na Terra Indígena Amambai morreram Vitor Fernandes, durante confronto com a Polícia Militar, Márcio Moreira, Vitorino Sanches e Cleijomar Rodrigues Vasques.

O indígena Alex Recarte Vasques Lopes foi morto em Coronel Sapucaia. Já Estela Vera, a única mulher do grupo, que também era Guarani-Kaiowá, foi assassinada em Japorã, onde há duas áreas indígenas.

No levantamento geral, MS é o estado onde mais aconteceram mortes de indígenas, seguido pelo Maranhão, onde das sete pessoas do campo que foram assassinadas, cinco eram indígenas. Depois vem Roraima, estado em que 4 indivíduos pertencentes aos povos originários foram mortos. No primeiro local, três eram da etnia Guajajara, a mesma da ministra dos Povos Indígenas.

Além das mortes, os conflitos envolvem mais de 14 mil famílias, espalhadas por 19 municípios. Apesar de ter o maior número de territórios ocupados por indígenas, com seis ao total, em Corumbá, a disputa por terras atinge 160 famílias. Já em Dourados, o mesmo conflito alcança mais de 3 mil indivíduos divididos em dois territórios de retomada.

Segundo a Pastoral da Terra, ainda há indígenas envolvidos em conflitos em Anastácio, Aquidauana, Eldorado, Ladário, Laguna Carapã, Nioaque, Porto Murtinho, Rio Brilhante e São Gabriel do Oeste.

FAZENDAS REIVINDICADAS
A edição deste sábado do Correio do Estado, divulgou um estudo feito pelo Observatório do Agronegócio no Brasil, no qual é apontado que, apenas em MS, há 630 fazendas dentro de terras reivindicadas por indígenas, em territórios reconhecidos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A pesquisa ainda destaca que Mato Grosso do Sul é um estado onde a iniciativa privada, ou seja, os grandes produtores rurais, teve o maior avanço sob o território que deveria estar sob a tutela dos indígenas. Isto ocorre mesmo com as terras já estejam reconhecidas como sendo pertencente aos povos originários.

As regiões onde as propriedades rurais estão sobre territórios indígenas estão concentradas em Laguna Carapã, Caarapó, Juti, Amambai e Iguatemi. Também aparecem na lista Porto Murtinho, Paranhos, Aquidauana e Corumbá. A território Guyraroká, do povo guarani-kaiowá, tem 96% de sua área ocupada por fazendas, fazendo com que essa etnia seja uma das que mais sofre com conflitos violentos.

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