Com mais de 35 anos dedicados ao Karatê, que já lhe renderam o tricampeonato estadual na categoria Kata e o bicampeonato na categoria Kumite, a mestre faixa preta do 4º DAN, Adriana Biancão, desenvolve em Campo Grande (MS) o projeto “Mulher Ferro e Flor” para ensinar gratuitamente defesa pessoal básica às mulheres.
Ela revelou ao site Campo Grande Informe que são golpes simples, rápidos e básicos para que as mulheres possam se defender de qualquer tipo de ataque. “Já tenho um grupo de mulheres do salão de beleza, onde vou lá e ensino elas, assim como um grupo da igreja. Então, costumo dizer que, onde tem um grupo de mulheres reunidas, eu vou lá e ministro o curso de defesa pessoal básica”, brincou.
Adriana Biancão ressaltou que o curso permite que as mulheres possam aprender a se defender e fiquem mais “empoderadas”. “Todos nós temos condições de nos proteger. Gosto de falar que com o curso elas podem lutar pela vida delas. Por isso, toda vez que eu vejo uma reportagem de uma mulher que foi assassinada ou agredida, sofro bastante”, revelou.
Mulheres fortes
Ela disse que, inclusive, tem um vídeo de uma mulher que foi assassinada, o qual já viu várias vezes. “Eu vejo e fico pensando, nossa, se ela soubesse fazer esse tipo de movimento ela poderia até se machucar, mas provavelmente não perderia a vida”, pontuou.
A mestre de Karatê reforçou que o projeto “Mulher Ferro e Flor” ensina as mulheres a serem fortes. “Podemos ser empoderadas e ao mesmo tempo nós também podemos ser sensíveis. Nós podemos ser mulheres, mas não porque somos mulheres e frágeis temos que nos entregar tão facilmente. Assim, eu sigo ajudando e ensinando algumas mulheres que desejam fazer o curso de defesa pessoal totalmente gratuito. Aonde me chamar, lá estarei”, garantiu.
Adriana Biancão informou que na próxima segunda-feira (17/04) estará embarcando para a Europa para apresentar o projeto. “Lá vou me reunir com um grupo de missionários esportivos de Jiu-Jitsu e vou ministrar um seminário de defesa pessoal. Porém, o meu principal objetivo é levar a palavra do Senhor, divulgar as palavras de Deus, além de oferecer o curso de defesa pessoal”, disse, argumentando que a maior segurança da humanidade está em Jesus Cristo.
Escolas públicas
Nesta semana, antes de viajar para a Europa, a faixa preta de Karatê dará o seu curso de defesa pessoal básica para uma equipe de funcionárias da Escola Cristã Estação Criança.
“Porque do jeito que estamos tendo tantos casos de violência dentro das escolas, se faz necessário que as professoras aprendam, além de primeiros socorros, um curso de defesa pessoal. Hoje, eu acho que é imprescindível que as professoras aprendam a se defender”, ressaltou.
Ela revelou ainda que, quando voltar da Europa, pretende procurar a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande para se oferecer para realizar o curso de defesa pessoal básica para as professoras do município. “Quanto mais pessoas souberem se defender, melhor será”, garantiu.
Vítima
Adriana Biancão também revelou ao Campo Grande Informe como surgiu a motivação para praticar Karatê e se transformar em mestre faixa preta do 4º DAN. “Eu fazia balé na minha adolescência e participava de um programa infantil que passava em um canal de TV local aqui em Campo Grande. Uma vez, saindo desse programa fui abordada por um desconhecido, que me pegou pela mão e falou para eu fingir que era filha dele”, recordou.
Ela contou que o homem começou a puxá-la para um terreno baldio, que tinha muros altos dos dois lados e no fundo, tomado pelo mato. “Eu pensei comigo mesma: se ele me levar para aquele mato, eu vou ser morta. Então, tive o instinto de morder bem forte a mão dele e, com a mordida, o estranho me largou. Saí correndo e fugi para bem longe dele”, informou.
A faixa preta de Karatê então decidiu que não faria mais balé, modalidade que praticava há quase nove anos. “Comecei a pensar em entrar para as aulas de Karatê e foi isso que eu fiz. No Karatê, eu tive várias dificuldades também, pois era muito magrinha. Inclusive, cheguei até a operar uma das pernas, mas continuei a treinar depois dessa cirurgia em que eu quase amputei a perna”, relatou, concluindo que, depois de tudo isso, resolveu ensinar Karatê para as mulheres um propósito de vida.