O cenário e as reclamações em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande se repetem dia após dia. São dezenas de pessoas, entre crianças, adultos e idosos, que aguardam atendimento médico por horas, por vezes sentados no chão e se exaltando com servidores.
Campo Grande vive um ‘surto’ de doenças em crianças, que fez a demanda aumentar 30% nas unidades de saúde pública nas últimas semanas. Mas o cenário é parecido em hospitais particulares, que também vivem dias de superlotação, principalmente na área pediátrica.
Na quarta-feira (22), diante de mais um dia de muita espera e reclamações de pacientes na UPA Universitário, a prefeitura respondeu ao Jornal Midiamax que, diariamente, média de 20 profissionais são deslocados para dar suporte nas 10 unidades de urgência e emergência, ou seja, apenas 2 médicos para reforçar a equipe daquela determinada unidade de saúde.
“As equipes de apoio são acionadas para suprir eventual falta não programada no quadro funcional da unidade ou até mesmo reforçar o atendimento, como ocorreu na UPA Universitário, onde quatro profissionais estavam fazendo o atendimento infantil e, diante da demanda muito alta, foi deslocado mais um profissional da equipe de apoio para dar suporte no atendimento destes pacientes”, explica prefeitura em nota.
Pacientes relatam espera ‘interminável’
De acordo com a classificação de risco, casos leves levam em torno de quatro horas para serem atendidos na saúde, como explica a própria Sesau (Secretaria municipal de Saúde). Porém, pacientes relatam que, atualmente, quatro horas é o “tempo mínimo” de espera.
Leitores do Jornal Midiamax relatam o tempo de espera que gera até desistência no atendimento. “Estou indo embora indignada, pois meu filho não foi atendido, nem passaram ele pela triagem e ele está com fome. Não tem nem cadeira para sentar, você fica lá a Deus dará, com criança no colo em pé até que eles decidam atender”, diz leitora que esperou por quatro horas no UPA Coronel Antonino.
Outra leitora relatou pessoas esperando no chão. “A pediatria da unidade está super lotada de pessoas com suas crianças sentadas no chão e com espera superior há 3 horas. São poucos médicos trabalhando no limite de sua capacidade, já teve até a invasão de um dos consultórios por uma mãe desesperada”, disse leitor.
Prefeitura diz estar reforçando equipes
Diante da situação caótica, a prefeitura de Campo Grande diz estar reforçando o quadro clínico das unidades com a convocação de novos profissionais aprovados em concurso e em processo simplificado. Dessa forma, teria convocado quase 400 profissionais nos últimos dias.
“Somente nos últimos 45 dias foram convocados 32 enfermeiros, 60 técnicos de enfermagem e 228 médicos para reforçar o atendimento nas unidades. Inclusive, nesta quarta-feira (22), mais 68 médicos de diferentes áreas de atuação e especialidades foram convocados”, diz a nota, sem detalhar se tais profissionais já estão atuando no atendimento aos pacientes.
A Sesau reforça que as UPAs e CRSs concentram pacientes nas enfermarias que ficam em observação aguardando transferência para um hospital e precisam ser assistidos pelos profissionais que se revezam entre o atendimento “interno” e “externo”, ou seja, entre os pacientes que estão em observação e os do saguão, o que pode incorrer numa falsa impressão de que não há atendimento.
Recomendação é ir primeiro à atenção primária
A prefeitura defende que 60% dos pacientes que procuram as UPAs e CRSs poderiam ser atendidos na Atenção Primária e, na maioria das vezes, acabam esperando até 4h para serem atendidos na urgência.
“A orientação é para que pacientes que não apresentem patologias mais graves, como parada cardiorrespiratória, sintomas de infarto, AVC, falta de ar intensa, intoxicação, suspeita de fratura, queimaduras, entre outros, procure as unidade básicas e de saúde da família mais próxima da sua casa”, diz a Sesau.
De acordo com eles, dessa forma é possível evitar transtornos por conta da longa espera. “As UBSs e USFs estão aptas a realizar consultas de rotina, dor de garganta, dor de cabeça, dor de ouvido, febre, vômito e diarreia, injeções curativos, retirada de pontos, troca de sondas e renovação de receitas”.