Após sair enfraquecida do embate com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na fracassada tentativa de emplacar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa de Leis para apurar os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro em Brasília (DF), a senadora Soraya Thronicke (União-MS) terá uma nova “batalha” pela frente em Mato Grosso do Sul.
Segundo fontes ouvidas pelo Correio do Estado, a parlamentar está com o comando estadual do União Brasil ameaçado, pois a sua falta de traquejo político praticamente reduziu a pó a representatividade da legenda em Mato Grosso do Sul.
Por conta da má condução de Soraya Thronicke na presidência estadual do União Brasil, nas eleições gerais do ano passado, o partido não elegeu nenhum deputado federal e apenas um deputado estadual – Roberto Hashioka.
META DESCUMPRIDA
A meta do presidente nacional do partido, deputado federal Luciano Bivar (União-PE), era fazer pelo menos um representante do Estado na Câmara dos Deputados, porém, a senadora teria fracassado nessa disputa por estar mais empenhada na própria campanha para presidente da República, que também fracassou, esquecendo dos seus comandados em nível estadual.
Para agravar o quadro, em Mato Grosso do Sul, seu estado de origem, a senadora só teve 8.082 votos para presidente da República, ou seja, não conseguiria nem se eleger deputada estadual em MS.
Outro agravante é que, quando foi feita a fusão do DEM com o PSL para formar o União Brasil, a maioria dos parlamentares, vereadores e prefeitos do Estado filiados à primeira legenda não aceitou essa aglutinação dos dois partidos justamente porque a presidência ficaria com Soraya, considerada por muitos sem experiência política para tal cargo.
DEBANDADA
O resultado é que muitos abandonaram a legenda. Atualmente, o União Brasil tem 50 vereadores distribuídos pelos 79 municípios, nenhum prefeito e apenas um deputado estadual em Mato Grosso do Sul.
Em razão disso, para as poucas lideranças que ainda restam na legenda, o nome da ex-deputada federal Rose Modesto (União-MS) seria o mais indicado para presidir a sigla de agora em diante.
Além disso, fortaleceria a ex-parlamentar para ser a possível terceira via na disputa pela Prefeitura de Campo Grande em 2024, contra os prováveis candidatos do MDB – o ex-governador André Puccinelli – e do PSDB – o deputado federal Beto Pereira.
Sem contar que ainda correm por fora o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB) e possíveis nomes do PP, da senadora Tereza Cristina, e do PL, dos deputados Coronel David, João Henrique Catan e Marcos Pollon.
Sentindo-se ameaçada pela ex-aliada, Soraya Thronicke disse, em duas entrevistas concedidas a rádios de Campo Grande, que o União Brasil não tem nenhum nome para disputar a prefeitura da Capital e que, caso resolva disputar, talvez ela se candidatasse, dando um recado muito claro para Rose Modesto, que sempre sonhou em ser prefeita da cidade.
SEM BAGAGEM
As declarações da senadora caíram como uma bomba dentro do chamado “núcleo duro” do partido, que sabe da falta de bagagem política da parlamentar, que, em quatro anos no Senado Federal, não conseguiu formar uma base eleitoral no Estado, passando mais tempo em Brasília em vez de estar peregrinando pelos municípios sul-mato-grossenses.
Ela ainda não tem a experiência política necessária para enfrentar uma disputa pela Prefeitura de Campo Grande, afinal, quase não fez 8 mil votos em todo o Estado, imagina só na Capital.
Essa total ausência de representatividade política de Soraya dentro do próprio estado inviabiliza o nome da senadora para disputar um cargo tão importante, fortalecendo o nome de Rose Modesto, que é muito forte em Campo Grande e conta com o aval do presidente nacional do União Brasil.
RETORNO
Um exemplo disso é que, quando não conseguiu ir para o 2º turno da eleição para governador no ano passado, Rose chegou a anunciar a saída do União Brasil, por discordar da forma como Soraya comandou o processo eleitoral em Mato Grosso do Sul. Porém, após esfriar a cabeça, Luciano Bivar a convenceu a continuar na sigla.
Tal atitude não teria agradado em nada a senadora, que começou a sentir um cheiro do início de uma fritura do seu cargo como presidente da sigla em Mato Grosso do Sul.
A gota d’água para a falta de prestígio de Soraya Thronicke dentro da cúpula nacional do partido foi a fracassada tentativa de criar uma CPI no Senado.
Ela obteve só 15 assinaturas de senadores para o pedido, sendo necessárias 27. No pedido inicial, 39 assinaturas haviam sido colhidas, mas o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, afirmou que o requerimento foi apresentado na legislatura anterior e, por esse motivo, não haveria obrigatoriedade de análise.
Ele deu prazo até sexta-feira (17) para que novo documento fosse entregue com assinaturas ratificadas para “permitir o eventual aproveitamento do requerimento”.
No entanto, o requerimento de Soraya só teve 15 assinaturas ratificadas e, portanto, o presidente do Senado indeferiu.