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sábado, novembro 23, 2024
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Deputada federal de MS protocola no MPE denúncia contra Missão Caiuá

Após diversas matérias jornalísticas, inclusive publicadas no Correio do Estado, mostrando inconsistências na prestação de contas da Missão Evangélica Caiuá – organização não-governamental (ONG) responsável por cuidar da saúde de diversas aldeias indígenas pelo país e que tem sede em Dourados, a deputada eleita Camila Jara (PT), protocolou uma notícia-crime no Ministério Público Estadual de MS solicitando uma investigação contra a entidade.

De acordo com o documento protocolado, a organização recebeu um repasse de R$ 872 milhões para serem usados na contratação de profissionais de saúde, mas, ainda de acordo com diversos relatos de indígenas para a imprensa, o acesso à saúde, atendimento médico e remédios não é integral ou facilitado.

Além de atender as aldeias de Mato Grosso do Sul, especialmente Jaguapiru e Bororó, a Missão também era responsável por atender os indígenas Yanomami. No entanto, os indivíduos desta etnia estão passando por uma crise humanitária, com a morte de mais de 500 crianças nos últimos anos por desnutrição, malária e outras doenças.

Conforme relatado pela parlamentar na notícia-crime, nas aldeias, que atualmente estão recebendo atendimento emergencial, os adultos também estão em estado delicado de saúde por falta de comida e de atendimento médico.

Ainda no documento feito pela deputada eleita, há diversas evidências de que o dinheiro recebido pela Missão Caiuá não foi devidamente aplicado nas ações de saúde indígena, sendo que também não há como saber qual foi o destino da verba.

Assim, a parlamentar requer que o MP-MS admita a notícia-crime e apure as ações relatadas no documento, sendo que as investigações também devem atingir o diretor-executivo da Missão, Reverendo Benjamin Bernardes, bem como todos os envolvidos com a organização.

A parlamentar ainda pede que sejam investigados atos de improbidade administrativa, peculato e corrupção passiva.

DENÚNCIA

Conforme mostrado pelo Correio do Estado, a Missão Caiuá tem mais R$ 213 milhões para receber ainda este ano por contratos com o Ministério da Saúde. A verba, em tese, é destinada para ações que promovam a saúde indígena.

Em conversa com o jornal, o líder da Aldeia Bororó, Reinaldo Arevalo, afirmou que o dinheiro não é bem administrado pelos responsáveis, já que no local e na aldeia Jaguapiru, que deveriam ser atendidas pela entidade, não há medicamentos ou acesso à saúde básica.

“Não está fácil, e eu sei que tem dinheiro. A questão principal é não saber administrar essa verba, que interessa não somente a Aldeia Bororó, mas a Aldeia Jaguapiru”, frisou.

Já os líderes da Aldeia Jaguapiru, informaram que os valores não chegavam ao local, que também passa por dificuldades com acesso à saúde, remédios e água potável.

“Trabalho para a ONG Missão Caiuá, sou contratado por eles, mas não chegou na aldeia [o valor recebido pela entidade]. Fora que saúde e medicamento, essas coisas, não têm”, afirmou um dos líderes que preferiu não se identificar.

A Missão Evangélica afirmou que apenas atua de forma complementar na saúde indígena, contratando profissionais para atuar nas aldeias. Contudo, os médicos nunca chegaram a atender nestes locais.

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