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quarta-feira, novembro 27, 2024
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Prefeita Adriane Lopes volta a afirmar que terá mais exonerações na Prefeitura

Um dia após provocar uma rusga com a Câmara Municipal de Campo Grande por ter substituído Rudi Fiorese por Domingos Sahib Neto no comando da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos de Campo Grande (Sisep), a prefeita Adriane Lopes (Patriota) disse, durante entrevista ao programa Rádio Livre, da Fm 104,7 Educativa, que fará mais mudanças na sua equipe para modernizar a administração do Executivo Municipal.

Ela afirmou na entrevista que a transição de secretários está sendo finalizada e que a troca envolve dois princípios: a “oxigenação” da administração pública e a possibilidade de contar com pessoas de extrema confiança em postos importantes da administração.

“As trocas foram necessárias e isso está chegando ao fim até o fim de janeiro para que possamos conduzir com muita responsabilidade. Preciso ter secretários de extrema confiança e precisava oxigenar e trazer um outro ponto de vista. Campo Grande é uma gigante adormecida”, pontuou.

Para a atual gestão, Adriane Lopes disse que busca uma dinâmica mais rápida de processos e de desenvolvimento de políticas públicas, uma necessidade que, segundo ela, é fruto de um novo momento social do pós-pandemia. Ela disse que a modernização da estrutura e a redução de custos estão ainda no foco do executivo municipal.

“Atualmente as finanças do município ultrapassam o limite prudencial de gastos, com 59,16% dos recursos usados apenas nas despesas de custeio. A meta é racionalizar as despesas, tanto de pessoal quanto de gastos diversos”, afirmou.

Sobre a exoneração de Rudi Fiorese, Adriane Lopes disse que é grata pelo trabalho dele nos últimos seis anos, mas seria inconcebível que os servidores da Sisep ainda assinem a folha de presença manualmente.

“Por isso estamos fazendo mudanças para modernizar. A troca na pasta veio após indicação por parte do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-MS). O Domingos Sahib Neto já foi auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) e é conselheiro federal. Ou seja, é uma nova visão”, declarou.

Azedou

A reportagem do Correio do Estado apurou que a substituição de Rudi Fiorese por Domingos Sahib Neto no comando da Sisep “azedou” de vez a já frágil relação entre os Poderes Executivo e Legislativo no município, que estava estremecida pelo entrave das negociações entre professores da Rede Municipal de Ensino (Reme) e prefeitura sobre o reajuste salarial.

Agora, com a troca, os vereadores se posicionaram contra a saída de Fiorese, já que para os parlamentares o novo titular da Sisep não tem experiência política e administrativa para tocar uma secretaria tão importante quanto a de obras, ressaltando que a administração municipal perdeu um excelente profissional do seu quadro de secretários.

Segundo apurou a reportagem, quando os vereadores tomaram conhecimento da publicação de uma edição extra do Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande) trazendo a exoneração de Rudi Fiorese da Sisep e a nomeação de Domingos Sahib para o cargo, o grupo de WhatsApp dos parlamentares virou um verdadeiro “muro de lamentações” pela fatídica substituição.

Afinal, Rudi Fiorese sempre foi muito solícito com as reivindicações dos vereadores, além de ser uma pessoa de fácil acesso e estar tocando a contento os problemas de infraestrutura registrados em Campo Grande.

Três vereadores ouvidos pela reportagem, que pediram para terem seus nomes citados para não causar uma animosidade com o novo secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, revelaram que a prefeita Adriane Lopes cometeu mais uma deselegância política ao não dialogar com a Casa de Leis sobre a substituição.

Ainda conforme os três parlamentares, Rudi Fiorese seria uma espécie de “camisa 10” do secretariado municipal, desempenhando um trabalho digno de elogios, diante da situação financeira atual da administração municipal.

Os vereadores informaram, também, que Domingos Sahib não terá uma vida muito fácil nos primeiros meses à frente da Sisep, pois prometem “monitorar” bem de perto o trabalho dele nas sete regiões de Campo Grande, que enfrentam problemas de falta de infraestrutura urbana, vias esburacadas e obras paradas.

Recado

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, foi ainda mais contundente ao confirmar que os colegas de parlamento estão descontentes, mas entendem que se trata de uma prerrogativa da prefeita trocar secretários.

“Agora, a prefeita tinha de arrumar um jeito de deixar os vereadores contentes, porque ela precisa de uma base sólida, precisa do apoio da Câmara Municipal para aprovar seus projetos. Quando faz uma troca dessas sem consultar o Poder Legislativo, é ruim politicamente para ela”, ressaltou, dando um recado bem direto para Adriane Lopes.

Segundo Carlão, é esperar que o novo secretário realmente trabalhe, pois Rudi Fiorese, mesmo com a cidade tendo alguns problemas para resolver, atendia o celular de todos e atendia os vereadores, que marcavam para visitar os bairros que precisavam de intervenção.

“Era um secretário acessível, mas agora vamos aguardar para verificar se esse secretário vai ser acessível e se conhece os problemas da cidade”, cobrou o presidente da Câmara.

Para ele, é dar um tiro no pé colocar uma pessoa que não conhece os problemas da Capital e que não conhece nem os bairros.

“Espero que se alguém falar para o novo secretário ir ao Bairro Jardim Leblon, ele não vá pensar que é lá no Rio de Janeiro [RJ]. Precisamos ver se ele conhece Campo Grande. Vou torcer para que dê certo, nunca torço para prejudicar a cidade, mas, realmente, os vereadores não ficaram contentes com essa troca”, afirmou.

O presidente da Câmara Municipal lembrou ainda que é uma prerrogativa da Casa de Leis fiscalizar as ações do Executivo, e não apenas o titular da Sisep.

“A nossa prerrogativa é fiscalizar todos os secretários, para verificar se eles estão trabalhando certinho. Nós vamos fiscalizar ele, sim, mas não só ele, todos os secretários, para saber onde está sendo gasto o dinheiro público, mas sem retaliação ou perseguição, é um direito que nós temos de fazer isso”, ressaltou.

Com informações do Correio do Estado

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